quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO


Quem não conhece o poder das histórias, reais ou imaginárias, desconhece, de certa forma, o próprio poder. É no decurso de nossa história de vida, da história de vida das pessoas que convivem com a gente, da história de nossos ídolos, heróis e vilões que construímos a nossa identidade. É no contexto destas histórias que conhecemos a fragilidade, o poder e as estratégias de cada personagem. Somos um personagem no palco da vida. Construímos a nossa história e criamos o nosso personagem à partir desta construção? Ou será que construímos uma história à partir do personagem que criamos para nós mesmos?  Ambas as possibilidades são válidas. Assim, devemos nos comprometer criar histórias e personagens dotados de muita sabedoria se quisermos um final do tipo: "E, foram felizes para sempre"... As histórias que escutamos tem sempre um final e a nossa história de vida segue continuamente. Parece não haver final, mas se observarmos bem, a nossa história é repleta de finais e recomeços. Há sempre o final de uma fase importante repleta de aprendizados. Dependendo da nossa maturidade e sabedoria podemos construir sempre um final feliz. Um final feliz não pressupõe, necessariamente, a ausência da tristeza. Em alguns finais ela pode estar presente juntamente com a felicidade de poder extrair dela algo significativo que dê sentido e nos proporcione novos recursos para a próxima etapa a ser vivida. A felicidade é a estrutura, é sobretudo, o alicerce que construímos numa determinada fase para seguirmos mais seguros e alicerçados na fase seguinte. Por isso, uma história com o final - "E foram felizes para sempre"... é sinônimo de crescimento e evolução pessoal. Este "sempre" pressupõe o nosso compromisso contínuo de seguir em frente oferecendo o melhor de nós mesmos.
Podemos aprender muito com todos os personagens. Eles tem sempre uma mensagem importante a nos passar, sejam eles habitantes do mundo real ou dos contos de fada, mensageiros do bem ou do mal. Podemos aprender, sobretudo, com cada personagem que experimentamos ao longo de nosso processo de vida. Devemos matar alguns, eternizar e criar outros, enfim, devemos dar ao nosso personagem o poder que ele necessita para vencer os seus desafios e viver as suas conquistas. Somos verdadeiros deuses neste processo. Podemos também sermos diabólicos e dificultar a vida de nosso personagem. Dota-los de recursos ou fragiliza-los será sempre uma escolha nossa. Não existe o certo e o errado. Existe, apenas, a história que desejamos viver.
Contar histórias para as nossas crianças e para a criança que existe dentro de todos nós é muito mais do que um passatempo prazeroso; é um gesto terapêutico e educativo. As histórias circulam livremente pelo nosso inconsciente sem censuras, resignificando e trazendo mais luz à sombra de nossos mais profundos conflitos. Ao contrário de uma repreensão que arma a pessoa com todas as suas defesas, uma história bem contada desarma a mente e o coração. Ao contrário de uma didática maçante e desmotivadora que aciona na mente o desejo de vagar e dispersar, as histórias estimulam o desejo de aprender. Assim, antes de dar aquela bronca, oferecer um discurso moralista, uma informação ou conhecimento que o outro tenha resistência em receber, seja mais criativo; conte uma história real ou imaginária. O nosso cérebro não aprendeu ainda separar o real do imaginário. Aliás, nem sei se há alguma possibilidade dele aprender isto algum dia. Até o presente momento só temos certeza de uma coisa - a realidade é uma criação nossa. Sendo assim, crie as mais belas histórias e construa o seu paraíso.

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