AUTORA

Na minha infância, as ditas "histórias" de hoje tinham um outro nome. Com uma sonoridade bem parecida, as histórias contadas para as crianças eram chamadas de "estórias". Ouvi belas estórias, a maioria delas de príncipes e princesas. Ouvia, também com frequência, a magnífica história de vida de meus pais, meus primeiros mestres na arte de viver bem para construir uma história que a gente possa se orgulhar dela.  Acho, inclusive, que descobri o bem e o mal nas estórias e histórias que me foram contadas; bem como, o poder da magia e do milagre na vida.
As histórias dos adultos sempre foram recheadas com muita realidade sem muito espaço para o imaginário. De certa forma, elas me assustavam um pouco. Assim, na minha infância, as estórias atuavam como um portal por onde eu pudesse transitar para um mundo mais fácil onde as dificuldades pudessem sempre serem superadas através do poder dos personagens. O final das estórias era sempre maravilhoso e o bem sempre vencia o mal.
Já, na minha adolecescência e início de minha vida adulta, parei de ouvir estórias e comecei a ouvir apenas as histórias dos adultos. Nestas histórias, o final nem sempre era bom, os personagens viciados em realidade não tinham tanto poder e, na maioria das vezes, se rendiam às dificuldades. E os milagres e a magia? Isto era, com certeza, coisa de criança ou de gente imatura e ingênua. No meio de tantas histórias complicadas, comecei a sentir saudade das estórias da infância. Acho que me tornei terapeuta na ânsia de tornar estas histórias reais mais parecidas com as estórias que ouvia. Neste ínterim, me tornei mãe e uma ótima contadora de estórias. Passei a contar para as minhas filhas tudo que ouvi na infância e mais do que isto - passei a reinventar as duras histórias da vida. Com um toque de magia, aprendi a transformar histórias em estórias e estórias em histórias. Desta magia, eu lhes conto depois. Só sei que as estórias que inventava fazia com que eu e minhas filhas pudéssemos transitar do real para o imaginário, buscando neste último, os recursos e a luz necessária para iluminar o nosso caminho quando ele se tornava por demais obscuro.
Trabalhando como psicóloga, descobri que o poder das estórias era maior do que de qualquer técnica sofisticada aprendida nos inúmeros cursos que fazia. Através delas, transformava clientes em personagens que descobriam o seu poder e a sua própria magia. O fato é que o milagre acontecia - travestidos de mais poder encontravam, finalmente, a força que estava contida ou escondida dentro deles. E, assim, a gente nem sabia mais o que era história e o que era estória. Tudo passou a ser, de certa forma, uma coisa só. Eu, uma terapeuta que trata com estórias e histórias e, as histórias reais que reinvento - "Histórias que curam".

Observação: Clique em http://claudialuizacouto.blogspot.com para obter maiores informações sobre Cláudia Luiza - autora desta obra