Dedico esta história aos viciados em problemas e dificuldades.
Quase todo mundo conhece a história
de Adão e Eva. Quando eu ouvi esta história pela primeira vez, me contaram que
Deus criou um paraíso para Adão e Eva, seu primeiro projeto de gente. Usufruto e prazer total foi a concessão
ofertada a eles. Total, entre aspas... Nem tudo poderia ser usufruído neste paraíso. Uma pequena regra deveria ser seguida em
sinal de respeito ao grande Pai. Era proibido se aproximar e experimentar o
fruto de uma das árvores deste lugar construído especialmente para eles. Eva, descumprindo
as normas divinas, foi seduzida pela serpente e experimentou o fruto proibido. Deus
ficou muito furioso e resolveu vingar de seus filhos. Esta desobediência rendeu
aos mesmos, a expulsão definitiva do paraíso, até hoje, tão sonhado por todos
nós. O paraíso só existe, agora, no registro de nossos mais profundos desejos.
Entretanto, algum anjinho me soprou
ao ouvido uma versão bem diferente desta
história. Ele me disse que jamais Deus ficou furioso. Explicou-me que Deus é
seguramente muito paciente e tolerante, portanto, incapaz de ser dominado pela
fúria. Deus domina seus sentimentos, ao contrário de ser dominado pelos mesmos.
O anjinho me contou que Deus realmente ofertou a Adão e Eva o seu projeto de
mundo perfeito, aquele tão sonhado paraíso que existe no cerne de todo desejo
humano. Mas, este mundo perfeito, sem problemas e dificuldades, acabou por se
transformar num mundo deveras imperfeito. Adão e Eva se cansaram daquela vida
fácil. Assim, Deus, travestido de serpente, ofereceu a Eva uma vida mais
emocionante. Criou uma fruta, até então incomum e com um sabor bem diferente.
Criou a árvore dos problemas e das dificuldades. Adão e Eva eram livres para
saborear esta nova fruta. Uma oferta divina, sem imposições! Eva gostou da
ideia de poder provar uma vida onde houvesse lugar para dificuldades e
provações. Mais do que isto, onde houvesse lugar para a superação.
Deus é fartura. Sendo assim, germinou em seu pomar, árvores para todo tipo de experiência que os
seus filhos quisessem experimentar. Além das árvores das dificuldades, Deus
também oferecia árvores de sabedoria, tolerância e paciência, cujos frutos
favoreciam a digestão das dificuldades saboreadas. Quem quisesse superar
dificuldades, deveria também se nutrir dos frutos de outras árvores, dentre
elas, a tolerância. O fruto da tolerância, por exemplo, lhes daria suporte para suportar as
adversidades minimizando os desconfortos. Mas, parece que seus filhos gostavam mais da
sombra das árvores dos problemas. Ficavam ali, se entupindo com os frutos desta
árvore e não se concediam uma nutrição diferente. Fruta boa é o que nunca faltou no pomar divino. Não que as dificuldades
tenham um sabor ruim. Se tivessem, não
seríamos viciados nelas, concordam?. Acho que as dificuldades devam adoçar
alguma coisa dentro da gente. Talvez, elas nos tornem mais fortes... Quem sabe?
Na verdade, quem sabe lidar com elas, sabe disto. Elas nos tornam mais fortes na
medida certa. É por isso, que a versão nova do paraíso divino tem espaço
para tudo; para as coisas boas e ruins, pois tem gente que acha o bom ruim, e ,
tem gente que acha o ruim muito bom. Como Deus não tem preconceito, no seu
paraíso atual tem lugar para todo tipo de gente.
Se você anda sonhando com o paraíso perdido, você pode
encontra-lo agora mesmo. Sabe onde? Dentro de você e mais do que isto, nas
escolhas que faz. E, por mais que sejam malucas as suas escolhas, Deus aprova.