segunda-feira, 2 de abril de 2012

O MONSTRO

Dedico esta história aos monstros e a todas as feras contidas dentro da gente. Dedico também,  ao nosso heroico domador de todas elas.
 
Era uma vez uma caverna muito escura que habitava um monstro misterioso que todos temiam. Ninguém tinha coragem de enfrenta-lo, por isso, dificilmente alguém se arriscava entrar caverna adentro. Só que o monstro não se contentava em permanecer quietinho dentro da caverna; de vez em quando ele saía e fazia inúmeras vítimas, ferindo-as, amedrontando-as ou escravizando-as. Assim, quando ele dava sinal de vida, a maioria das pessoas fugia para não ver, nem sequer, a sua cara. Corria a lenda de que o monstro hipnotizava suas vítimas e fazia delas o que bem entendesse. Era egoísta, egocêntrico, totalmente voltado para os seus mais cruéis desejos de poder e dominação.
Mas, para todo vilão existe um herói, e é dele que vamos falar agora. O herói sabia da existência do monstro, jamais a negava fugindo dele ou  dizendo que ele não existia. O herói sabia que o mundo não é feito só de rosas; há também os espinhos. E, este monstro era como os espinhos de uma rosa; a parte que fere, mas que a rosa criou para se proteger de outros monstros ainda mais terríveis . Sabia também que se não desejasse e se  tivesse determinação e firmeza, jamais poderia ser hipnotizado. Só é hipnotizado quem se permite. Ciente disto,  resolveu enfrentar o monstro. Não passaria a vida inteira negando a existência do mesmo, fugindo, ou fingindo que ele não existia. Encaminhou-se para a porta da caverna onde existia uma placa advertindo os mais afoitos: “Cuidado, você não vai gostar do que vai ver”.
O herói era sábio o suficiente para saber que precisava enfrentar aquilo que lhe perseguia, mesmo que não gostasse nem um pouco de tais coisas  por mais assustadoras, ocultas e desconhecidas que pudessem ser. Assim, deu o seu primeiro passo caverna adentro. De imediato, ouviu um urro do monstro querendo assustá-lo e intimida-lo. A maioria das pessoas fugiria, mas ele era um herói. Seguir em frente era seu lema! Deu mais um passo caverna adentro. Ele venceria o barulho do monstro com seu silêncio. O silêncio do herói atordoou o barulho do monstro, mas ainda assim o monstro não se deu por vencido. Resolveu usar sua última tática que era mostrar a sua terrível cara. Dizem que dificilmente alguém suportava. A repulsa que provocava fazia qualquer um ter crises de pânico,  náuseas e fortes dores que atordoavam o corpo e a alma. Repentinamente, o monstro apareceu frente a frente com o herói. Ele ficou assustado e surpreso. Estremeceu-se, mas não se permitiu pender. Tornar-se vítima ou herói? Embainhar-se com a covardia ou com a coragem? Procurou lembrar-se da rosa para enfrentar os espinhos. Lembrando-se que as rosas não são feitas só de espinhos, olhou bem fundo nos olhos do monstro. Não precisou de palavras, nem mesmo de movimentos para abatê-lo. Viu que a cara do monstro mostrava uma aparente maldade fantasiada de terror. Mas, no fundo de seus olhos existia muito medo. Era como se o medo se travestisse de violência para enfrentar o mundo.  Ali, bem à sua frente, o monstro curvou-se diante do olhar profundo de um  herói que compreendia a sua malignidade sem desejos de destruí-la ou vence-la.
Depois disto, o herói saiu da caverna sem o monstro. Deixou-o lá, quietinho. O monstro não perturbaria mais aquele herói, pois este sabia perfeitamente como controla-lo e doma-lo. E, o herói sabia que aquele monstro não fora criado para ser destruído, mas apenas para ser cuidadosamente domado e quem sabe um dia, transformado.

2 comentários:

  1. Que história mais linda...É incrível como o medo nos violenta, nos paralisa e nos corrompe com a fantasia de que é muito mais forte que nós.Parabéns Claudinha, a pessoa mais corajosa que conheço!!!Grande beijo, Aída Mara

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  2. Obrigada, querida! Ouvir isso, me emociona! Aliás, voce me emociona sempre!

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