quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A ESTRELINHA QUE DESCOBRIU O MISTÉRIO DA VIDA E DA MORTE



Dedico esta história à todos aqueles que não descobriram ainda o mistério da vida e da morte




Era uma vez uma linda estrelinha que vivia feliz e irradiante em algum lugar muito distante do nosso infinito universo.  Sua luz era muito poderosa, capaz de ser vista a milhares de anos luz por seres que viviam em diversos mundos diferentes. Brilhava tanto que acabou recebendo o nome de Brilhante. Certo dia, querendo saber o porque recebeu este nome, resolveu conversar com uma das estrelas responsáveis por fazer o registro de sua identidade no universo. O nosso nome fala muito de nossa origem, de nossa essência e energia, portanto, descobrir e  conhecer um pouco  mais sobre si mesma era uma coisa que Brilhante adorava fazer. Aproximando-se de Poderosa, a estrela mais velha daqueles arredores, perguntou:

-Por que me chamo Brilhante?

-Eu poderia lhe dizer que é porque você é uma estrela  que brilha muito forte enviando luz  para muitos planetas, mas existe algo mais que me inspirou registra-la assim.

-Me conte, estou curiosa! Solicitou brilhante ofuscando os olhos de Poderosa com seu brilho intenso de curiosidade.

Poderosa, passando o olhar por todo o universo, focou seu olhar num planeta muito bonito – um planeta azul. Deu um sorriso sereno como se estivesse relembrando algum fato muito especial  e dirigiu-se atenciosamente pra Brilhante:

-Está vendo aquele Planeta alí?

- É claro! Acho ele tão lindo!

- Naquele planeta azul existe uma pedra muito bonita chamada Diamante. Esta pedra é tão brilhante que os seres de lá  a apelidaram de Brilhante. Além de sua beleza, raridade e valor, ela é muito utilizada para simbolizar as uniões amorosas de alguns seres que vivem lá.

- Mas, o que isto tem haver comigo?

-Além de sua beleza, você é uma energia rara e de muito valor para todo o universo. O universo guarda você da mesma forma que alguns seres que conseguem adquirir um Brilhante guardam a sua pedra no Planeta Azul.

- Como estes seres guardam o seu Brilhante? Perguntou a estrelinha.

- Com todo cuidado possível. Jamais deixam esta pedra rara jogada em qualquer lugar. E procuram usa-la nas ocasiões mais especiais.

-Quer dizer que o universo me guarda com todo cuidado. Poxa, me sinto lisonjeada!

- Mais do que isto. O universo esperou por longo tempo o momento especial para usa-la.

- Isto me assusta! Como posso ser usada?

-Não se assuste! Isto é só força de expressão. Na verdade o universo precisa muito da sua energia para melhorar e aprimorar algumas  coisas naquele lindo planeta azul. Esclareceu Poderosa.

-Como é que poderei ajudar o universo. Terei um grande prazer de ser útil.

- Nascendo no grande planeta azul. Respondeu a velha estrela .

- Nascendo? O que é isto e como se faz isto? Nunca ouvi esta palavra. Dá para me explicar melhor?

- É bem complicado explicar para você, pois aqui onde vivemos não existem certas palavrinhas que  trazem muito medo para alguns seres que vivem lá.

-Que palavrinhas? Interrompeu a estrelinha.

- Duas palavrinhas, principalmente. A palavra nascer e a palavra morrer.

- Epa! Outra palavra nova. O que é morrer?

- Nossa! Voce nem bem compreendeu o significado da palavra nascer e já quer saber o que é morrer?  Questionou Poderosa com ar de brincadeira.

- Voce me inventa estas palavras novas e quer que eu fique desinteressada? Sabes que sou muito curiosa. Adoro descobrir coisas novas.

- É justamente isto que você vai fazer lá no planeta Azul. Voce vai descobrir, e explicar para alguns seres que vivem lá,  o  mistério da vida e da morte.

-Já vem você com outras palavras – Vida e Morte. O que significa isto?

- No planeta Azul estas palavras tem um significado completamente diferente do significado que damos a elas aqui. Na verdade, nem utilizamos mais estas duas palavras, pois elas não fazem sentido de existirem separadas. Aqui, vida e morte é uma coisa só, bem como nascer  e morrer. No entanto, lá, as coisas  não são bem assim.

-Como assim? Dá para ser mais claro? Solicitou a estrelinha.

- Muitos seres que vivem no planeta Azul temem a palavrinha Morte. Acham que ela é uma coisa muito ruim.

- Mas, a morte é uma coisa ruim?

- De maneira alguma ! A morte é tão boa quanto a vida. Na verdade, ambas são uma coisa só. Os seres que lá vivem não sabem que a morte pode ser vida e que a vida pode ser morte em momentos diferentes. Tudo depende do contexto e da nossa forma de encarar as coisas.

-Ichi! Este assunto está muito complicado... Se nem eu estou entendendo, como é que você quer que eu explique isto tudo para os tais seres confusos daquele planeta? Acho que estou muito mais confusa que eles.

- É aí que você se engana. Voce já sabe tudo deste assunto, embora não saiba ainda que sabe. Esclareceu Poderosa tentando tranquiliza-la.

- Será que sei mesmo ou será que você está enganado? Questionou a estrelinha à grande estrela Poderosa que era para ela um grande mestre.

- Sabe de uma coisa... Chega de Bla bla bla! Chegou a hora de você nascer lá e fazer estas descobertas.

-Mas, se eu bem entendi, você me disse que nascer e morrer é uma coisa só. O que isto tem haver com esta minha nova experiência existencial?

- Para nascer lá deverá morrer aqui. E para nascer aqui, deverá morrer lá. Na verdade, voce já está cansada de saber disto. Existir é isto – uma sequência de nascimentos e mortes que não cessam jamais.

- Acho que estou começando a entender... Eu já existi em tantos lugares, de tantas maneiras e formas diferentes. São estas mudanças de lugares e formas de ser que os tais seres chamam de vida e morte? Perguntou a estrelinha querendo mais esclarecimentos antes de partir para mais uma nova forma de existir no universo.

- Vou deixar por sua conta responder esta pergunta. A sua forma de existir no planeta azul lhe dará esta resposta. Confie em mim. Só preciso saber qual a forma que você deseja ter lá.

- Como assim? Não entendi.

- O planeta Azul é muito rico em várias espécies de seres. Nenhum deles é melhor ou mais importante que o outro. Todos eles são indispensáveis à existência do planeta. Voce pode escolher ser que quiser.

-E, o que eu posso ser?

- Voce poder se árvore, animal, água, fogo, o ar, terra,  insetos, seres microscópicos que ninguém enxerga, uma pedra, um grão de areia, peixes, enfim uma série de seres. Pode ser também o tal ser confuso que não descobriu ainda o mistério da vida e da morte.

-Qual o nome deste ser? Perguntou ávida por uma resposta.

- O nome dele é Ser Humano. Respondeu Poderosa

- Não seria melhor eu escolher ser Ser Humano, já que tenho que explicar a eles o tal mistério da vida e da morte?

- Não, necessariamente... Todos os seres podem oferecer ao Ser Humano esta resposta. Basta que ele saia da confusão e aprenda a observar, olhar e escutar os sinais de todos os seres que habitam o planeta.

- Isto quer dizer que se eu for uma árvore, eu poderei contar a eles este mistério?

- Exatamente isto! O ser humano pode descobrir todo o mistério da vida e da morte observando e se relacionando de forma harmoniosa com uma árvore, com a chuva, com o fogo, com os animais, com  uma flor, com uma pedra, com uma bactéria, enfim com tudo. A resposta está em tudo e em todos os lugares.  Esclareceu Poderosa.

- Mas, se a resposta está em tudo e em todos os lugares, como é que o ser humano ainda não a descobriu?

-Ele não descobriu ainda porque precisa curar o seu olhar. Se voce soubesse como o ser humano anda agindo...Por exemplo: Quando ele olha para uma árvore, só pensa como vai explora-la. Se acha mais importante que ela. E, quando a gente se acha mais importante que alguma coisa, a gente não se abre para aprender com ela. Por isso, o Ser Humano tem tido tanta dificuldade de aprender.

- E, como a árvore pode ensinar os mistérios e o significado da vida e da morte. Perguntou Brilhante.

- Isto eu não vou te contar agora. Quando você chegar lá, a árvore te conta. Tenho certeza que vai ser mais emocionante aprender com ela.

- A árvore já te ensinou alguma coisa?

- É claro que sim! Não só ela, mas todos os seres que vivem lá.

- Voce já viveu lá?

- Muitas vezes! Como numa viagem que a gente vai e volta. Uma viagem boa, né; já que a gente só quer voltar para os lugares que a gente gosta. Gostei tanto de lá que voltei a viver centenas de vezes neste planeta maravilhoso.

- E o que você escolheu ser lá?

- Eu já experimentei ser quase tudo. Já fui água de rio, já fui água de mar, fui fogo, peixe, pedra,  flor, árvore, diversos animais, já fui bactéria e ser humano também. Já fui tanta coisa que nem me lembro mais.

- E o que você mais gostou de ser?

- Cada vida, por mais diferente que seja da outra ou por mais rápida que seja é um valioso presente do universo.

-Rápida, como assim?

- Às vezes a gente vive apenas algumas horas, outras vezes meses, outras centenas ou milhares de anos. O tempo que a gente vai ficar lá depende da nossa proposta.

- Que proposta?

- Todos que partem para o Planeta Azul tem um propósito de vida em sintonia com o universo.

- Dá para explicar melhor?

Poderosa tentou se lembrar das várias vidas que teve para dar um exemplo que pudesse tirar as dúvidas de Brilhante:

- Quando eu fui Fogo, vivi apenas 12  horas. Minha proposta era aquecer uma família de seres humanos que vivia a milhares de anos atrás numa caverna. Fui muito feliz nestas doze horas porque levei felicidade para esta família. Os protegi do frio e de animais ferozes  e permiti que através de mim eles pudessem preparar um alimento para matar a fome. 

- Mas, porque você não ficou com esta família mais tempo. Eles gostaram de você e você deles...

- Eu até poderia, mas como lhe disse, a minha proposta junto com o Universo não era ficar mais tempo ali. Era poder me transformar e nascer num outro lugar. Assim, meu corpo Fogo se transformou num outro corpo que era a minha nova proposta junto com o universo.

-Em que você se transformou?

- Eu decidi que queria ser Terra. Fui Terra durante 80 anos. Continuei levando felicidade para as pessoas desta família, só que de uma forma diferente. Eu dava meu corpo Terra para que eles pudessem plantar em mim o alimento que matava a sua fome.

- E depois, o que aconteceu?

- Minha missão como Terra acabou e eu resolvi ser uma Pedra. Vivi como pedra 5000 anos.

- Poxa! Muito mais do que nas duas primeiras vezes. Deve ser melhor ficar mais tempo lá, ne.

- Não é melhor e nem pior. Não faz a mínima diferença. Viver algumas horas ou milhares de anos é a mesma coisa no relógio do universo, pois o que vale é a intensidade da experiência e a capacidade de cumprimos a nossa proposta. E, toda vida que vivi; vivi intensamente e cumpri a minha missão.

-  E, o  que  você fez como Pedra?

- Eu ensinava para os seres o valor das alturas. Eu era um pico muito alto. Todos os seres que me escalavam faziam descobertas muito importantes para a vida deles.  Mas, de um grande Pico, eu resolvi me transformar numa pequena e valiosa pedra. Morri como pico e me transformei num Diamante. Fui Diamante durante 2000 anos. Cheguei a ser descoberto na natureza e me transformei num anel de brilhante que coroou o casamento de um casal que viveu feliz durante 70 anos. Eu era o símbolo do amor deles. Foi muito gostoso ser o símbolo do amor deles também.

- Por isso me deu o nome de Brilhante?

- Por isso também. Voce tem uma luz que reflete muito amor. É rara e valiosa como a pedra que fui. Tens a existência toda para descobrir isto. A cada vida a gente descobre mais e mais o nosso valor.

- De Diamante você se transformou em que?

- Fui água de um rio. Molhei a terra que fui um dia, matei a sede de muita gente, apaguei o fogo que também fui um dia. Enfim, flui, flui, flui! Como é gostoso fluir!!!

- Quanto tempo você foi água?

- Há!!! Nem me lembro mais. Acho que me deixei levar e me perdi no tempo. Mas, como lhe disse, pouco importa o tempo que a gente fica. No final das contas é tudo a mesma coisa.

- Me conta mais!

- Depois fui tanta coisa... Se eu for te contar tudo que fui, iremos passar uma grande parte de nossa existência aqui contanto as histórias de minha vida.

- O que não seria nada mal, pois adoro histórias. Me conte só mais duas? Por favor!

- Tudo bem. Mais recentemente resolvi ser uma árvore. Fui uma árvore centenária. Cumpri bem o meu papel de ajudar o planeta a respirar melhor. No entanto, o Ser humano nem sempre faz a parte dele. Tenho visto o propósito de muitas árvores e o acordo destas com o universo ser desrespeitado e interrompido pelo Ser Humano

- Voce nunca foi ser humano?

- Já fui centenas de vezes. Já fui gente de todas as idades, raças, personalidade. Já morei em todos os lugares do planeta Azul. É muito bom também ser gente, embora tenha muita gente confusa na Terra.

-Terra? Que lugar é este?

- Opa! Me esqueci de lhe dizer que o Planeta Azul se chama Terra.

- Terra! É para lá que estou indo. Já decidi o que quero ser. Vou firmar o meu propósito junto com o universo. Sei o que quero ser e o que preciso fazer.

- Como assim? Como é que você descobriu assim, tão repentinamente?

- Quando você falou no Ser humano, meu coração bateu mais forte. E, a força do nosso coração sempre diz muito de nós mesmos.

- Então, a única coisa que posso lhe dizer é: Boa Viagem!

- Além de boa viajem, eu queria que você me contasse só mais uma coisinha...

- O que,  querida?

- Eu vou ser feliz?

- Ser ou não feliz... A escolha é toda sua!

- Então, eu posso lhe dizer com toda certeza que já fiz a minha escolha.

- Mas eu não quero saber agora. Quando voce cumprir a sua missão lá e desejar retornar aqui para este nosso lar, voce vai contar não só a sua escolha, mas toda a sua história. Aí, vai ser a minha vez de escutar.

            Brilhante nasceu na Terra como Ser Humano várias vezes e sempre viveu muito feliz. Todas as vezes que retornava para o seu antigo lar voltava repleta de histórias para contar. Poderosa adorava ouvi-las. Cada vida na Terra era uma emocionante aventura. Aprendeu muita coisa e ensinou muita coisa também.  E, se voce que acaba de ouvir esta história desejar conhecer as aventuras de Brilhante na Terra, prepare-se! Voce vai ter ainda muita história boa para ouvir. Vai descobrir em cada aventura de Brilhante como ela desvendou o mistério da vida e da morte.



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